sexta-feira, novembro 10, 2006

Parteira, profissão que renasce

Unindo ciência e tradição, enfermeiras obstétricas ganham espaço na assistência ao parto

Às seis horas da manhã de uma sexta-feira, Helka enfrentava as dores do trabalho de parto num congestionamento da Marginal Tietê, na capital paulista. Chegou a pensar em correr para o hospital mais próximo, mas desistiu. Seu primeiro filho, Yan, hoje com 9 anos, nascera num parto cheio de intervenções médicas desnecessárias, e agora ela queria um atendimento mais humanizado, sem correria nem tratamento impessoal.

Quando finalmente chegou à Casa de Parto de Sapopemba, na zona leste da cidade, as enfermeiras obstétricas vieram recepcioná-la na porta, chamando-a pelo nome – apesar de ela ter estado ali apenas uma vez. Helka recebeu massagens e tomou chás para aliviar a dor e logo a bolsa estourou.

Após encontrar uma posição confortável para o parto – ela preferiu ficar na vertical –, sentiu-se pronta e segura para o grande momento. A todo instante as enfermeiras explicavam os movimentos do bebê e o porquê de cada dor, tranqüilizando-a. Às sete e quarenta Rav nasceu e, antes mesmo de ter o cordão umbilical cortado, foi para o colo da mãe.

No imaginário cultural brasileiro, as figuras de assistência ao parto se resumem a médicos, em hospitais, e parteiras, em áreas pobres do interior do país. Uma figura ainda pouco conhecida, mas que tem ganhado o reconhecimento do governo e da sociedade, é a das parteiras profissionais – enfermeiras obstétricas que atuam nas grandes cidades e vêem o parto como um evento natural, que, se estiver bem preparado e livre de complicações, pode muito bem ocorrer fora de um hospital.

Como herança das parteiras tradicionais – que aprenderam o ofício na prática –, essas profissionais sabem da importância de tratar a mulher como protagonista no parto, respeitando seus desejos e aliviando as dores com conforto emocional, técnicas de relaxamento e chás. Diferentemente do que acontece na zona rural, entretanto, elas foram formadas em universidades para fazer o parto de gestantes de baixo risco e são tão capacitadas quanto os médicos obstetras para esse atendimento. (...)

(Texto feito para a Revista Problemas Brasileiros nº 377, de setembro/outubro de 2006 - Para ler a reportagem completa clique no título)

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah, adorei o texto, Lu!

Quem fez a edição final? Ficou redondinho: fontes, dados, texto. Está esclarecedor e justo. E o dado sobre o novo curso de parteiras e parteiros (hehehe) também foi bem legal.

Parabens! :)


Beijo grande,
Erica