quinta-feira, janeiro 29, 2009

Mudanças

Cansei do Alguma Prosa, talvez só por enquanto.

E criei dois novos endereços:

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  • http://lucianascimentoblog.wordpress.com/ - no qual tentarei escrever mais sobre o dia-a-dia, fazer um blog de verdade
Além da minha conta de fotos no Flickr, que vou tentar movimentar: http://www.flickr.com/photos/lucianascimento/

Quem quiser visitar, será bem-vindo.

sexta-feira, junho 27, 2008

Use com prudência

A utilização de celulares por crianças tem aumentado a preocupação de especialistas sobre a relação – ainda incerta – entre uso do aparelho e surgimento de doenças como o câncer. Limitar o uso é a principal dica para evitar riscos

A oferta de produtos de telefonia móvel aumenta a cada dia e as empresas têm investido pesadamente para ampliar sua inserção entre as crianças. Segundo uma pesquisa do Ibope Net/Ratings divulgada no segundo semestre do ano passado e que ouviu sete mil crianças de doze países, os brasileirinhos são os que mais usam o celular: 81% utilizam o aparelho três ou mais vezes por semana, 50% a mais do que as crianças japonesas.

O celular pode proporcionar sensação de segurança aos pais, que podem encontrar seus filhos onde estejam, mas é preciso ficar atento à relação de custo e benefício. “Você oferece um risco adicional à criança dando um celular a ela [com relação à probabilidade de desenvolver algum tipo de câncer]”, afirma Silvana Turci, responsável pela área de Vigilância do Câncer Ocupacional e Ambiental do Instituto Nacional de Câncer (Inca). “Criança não tem que ter celular”.

Isso porque a espessura do crânio nas crianças é cerca de quatro vezes menor do que nos adultos, permitindo maior penetração das ondas eletromagnéticas emitidas pelo aparelho. E, ainda, porque suas células se reproduzem mais rapidamente, deixando-as mais suscetíveis a qualquer risco.

Em países como a Inglaterra, os governos recomendam que as crianças e os adolescentes sejam desestimulados a falar em celulares, limitando-se ao essencial. Na França, por exemplo, há alguns anos foi imposta uma lei que proibiu o uso de celulares nas escolas, para preservar os pequenos das ondas eletromagnéticas. Na ocasião, os parlamentares franceses chegaram a levar a questão à Organização Mundial da Saúde (OMS), discutindo sobre a necessidade de fazer pesquisas específicas sobre o assunto. Até hoje, no entanto, nada muito relevante foi publicado.

Riscos para adultos

Em contrapartida, pesquisas sobre os riscos da radiação eletromagnética para o organismo de adultos são divulgadas aos montes. E os resultados são os mais diferentes que possamos imaginar.

Um estudo israelense publicado no American Journal of Epidemiology em dezembro passado afirmou que as emissões de radiofreqüência e de microondas dos celulares aumentam o risco de câncer nas glândulas salivares. O risco de desenvolver um tumor maligno nessas glândulas é 50% maior quando o aparelho é usado durante 22 horas por mês. E é ainda maior se a mesma orelha for sempre utilizada. A pesquisa foi realizada entre 2001 e 2003, e avaliou o número de anos em que as pessoas usaram o celular.

Já um estudo japonês divulgado há dois meses chegou à conclusão de que o uso de celular não aumenta as chances de desenvolver câncer cerebral. Nesse caso, os cientistas analisaram 1 mil pessoas (com diversos tipos de tumores e também saudáveis) durante seis meses.

Outro estudo, esse sueco, de 2006, constatou exatamente o oposto. Os pesquisadores estudaram o uso de celulares por 4,4 mil pessoas (metade pacientes com câncer e metade pessoas saudáveis) e concluiu que usuários intensos de celular têm risco 240% maior de desenvolverem tumor maligno do lado da cabeça em que usam o aparelho. Eles definiram como uso “intenso” do celular um tempo superior a duas mil horas – o que equivale a uma hora de uso por dia no local de trabalho, durante 10 anos.

Para saber em qual pesquisa se basear, o consumidor encontrará dificuldade. Este não parece ser um assunto em que existe algum consenso entre pesquisadores e especialistas. De acordo com Renato Sabbatini, coordenador do Comitê Latino-americano de Campos Eletromagnéticos de Alta Freqüência e Saúde Humana, “devido à variabilidade biológica e às falhas dos estudos, pode-se esperar que até 5% dos trabalhos mostrem resultados negativos para a saúde, sem que isso signifique que os efeitos realmente existem”. Para ele, “não há motivos para preocupação”.

Silvana, do Inca, também explica as diferenças dos estudos pela forma como são elaborados, mas não acha que prevenir seja exagero: “é difícil analisar uma comunidade que utilize o mesmo aparelho, fale pelo mesmo tempo etc. Mas, como outros compostos que podem ser cancerígenos, demora alguns anos para que se tenha essa certeza [de que são ou não cancerígenos]. Até lá vale a prevenção.”

A especialista faz um paralelo com o câncer de pele. Voltar da praia com o corpo vermelho e cheio de bolhas não significa que a pessoa terá câncer de pele. Mas se essa situação se repetir todos os finais de semana, as chances de desenvolver a doença aumentam. O mesmo pode-se pensar com relação ao uso de celulares: com o tempo e a freqüência de uso, os riscos se multiplicam.

De acordo com Álvaro Augusto Almeida de Salles, professor da área de engenharia elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), “como a maior parte do dinheiro das pesquisas vem da indústria de telecomunicações, muitas têm resultados distorcidos, cobrindo apenas dois ou três anos de análise. Para podermos relacionar o uso de celular ao câncer cerebral, por exemplo, é necessário estudar a população por pelo menos oito ou dez anos.” Segundo o pesquisador, todos os estudos que cobrem esse período chegam a resultados preocupantes.

Como funciona o celular

Quando você faz ou recebe uma ligação pelo celular, um sinal é emitido pelo aparelho e captado pela antena de telefonia móvel (estação rádio-base) mais próxima. Haverá uma troca de sinais entre antenas e é isso que garante a conversação sem perda de sinal.

Para você conseguir conversar, as antenas do aparelho e da estação rádio-base emitem radiação eletromagnética de baixa freqüência. Como o aparelho é usado grudado na orelha, parte dessa radiação é absorvida pela cabeça do usuário e outra parte será responsável pelo contato com a torre de transmissão.

O efeito térmico dessa recepção de radiação na cabeça é, principalmente, o aquecimento da orelha, que percebemos após uma conversa ao celular. Os efeitos biológicos, que se dariam pela interferência que essa radiação pode causar no organismo depois de ser absorvida, ainda são controversos, mas especialistas acreditam que o uso intenso, a longo prazo, possa causar inclusive alguns tipos de tumor.

Limites de exposição

O Idec contatou os principais fabricantes de aparelhos celulares do país para confirmar a sua prática quanto à exposição dos consumidores à radiação eletromagnética.

A Benq, a Motorola e a Nokia informaram que todos os manuais de seus produtos mencionam o nível de radiação a que o consumidor está exposto e que todos estão abaixo do limite de radiação recomendado.

A Samsung informou apenas que “disponibiliza, nos manuais do usuário, informações sobre uso, conservação e manutenção dos aparelhos”, não deixando claro, portanto, se disponibiliza em seus produtos as informações que o consumidor deve ter sobre nível de radiação. A LG se limitou a dizer que não tem um porta-voz para falar sobre o assunto no momento. Gradiente e Sony Ericsson não responderam à solicitação do Instituto.

No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estabeleceu regras para essa exposição, baseadas no padrão da ICNIRP, um órgão internacional especializado no assunto. O limite estabelecido para a taxa de absorção específica, conhecia como SAR na sigla em inglês, é de 2W/kg. É uma medida de potência absorvida por unidade de massa de tecido. Para muitos especialistas, no entanto, essas regras são obsoletas, pois só levam em consideração os efeitos térmicos, deixando de lado os riscos biológicos a que o consumidor se expõe.

“Os riscos térmicos só existem se os limites, atualmente em vigor na resolução 303 da Anatel, forem atingidos ou ultrapassados. Esses riscos correspondem a exposições agudas e de curta duração. Essa resolução, entretanto, não considera os efeitos não-térmicos –crônicos e de duração prolongada –, que incluem, entre outros, dores de cabeça freqüentes, distúrbios do sono, comprometimento da memória e de funções cognitivas, cansaço, má-formação fetal, déficit de atenção, autismo, comprometimento do sistema imune, câncer, mal de Parkinson e mal de Alzheimer”, esclarece Francisco de Assis Ferreira Tejo, coordenador do Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Princípio da precaução

Até hoje não há provas conclusivas dos efeitos biológicos que a radiação eletromagnética emitida pelos celulares pode ter no corpo humano. Por isso, é importante adotar uma série de cuidados para se precaver. “Se pode existir risco, se exponha o menos possível ou não se exponha”, alerta Silvana Turci.

“Ter cautela é válido. O celular pode oferecer perigo, mas também oferece benefícios ao usuário. O jeito é equilibrar”, orienta Luiz Paulo Kowalski, diretor do departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital A. C. Camargo, referência no tratamento de câncer em São Paulo.

As principais dicas são:

  • use o celular apenas quando for imprescindível, e pelo menor tempo possível;
  • prefira usar o telefone fixo ao celular;
  • alterne as orelhas em que costuma usar o aparelho;
  • use viva-voz ou fones de ouvido sempre que puder;
  • limite ao máximo o uso pelas crianças e adolescentes;
  • antes de comprar, leia o manual do produto e verifique os níveis de SAR, ou seja, preste atenção no nível de radiação que o aparelho emite;
  • evite usar o aparelho em automóveis e enquanto dirige.

    Risco para quem não tem celular

    A radiação eletromagnética também é emitida pelas antenas de transmissão de telefonia móvel. Assim, mesmo quem não usa o celular está sujeito a absorver essa radiação. Nesse caso, as pessoas que moram próximo a estações rádio-base são as mais prejudicadas.

    João Carlos Peres, diretor executivo da Associação Brasileira de Defesa dos Moradores e Usuários Intranqüilos com Equipamentos de Telecomunicação Celular (Abradecel), é enfático: “ou você abaixa a potência dessas antenas – como fizeram em Porto Alegre e na Suíça, por exemplo, onde a potência permitida está cem vezes abaixo da estipulada pela ICNIRP; ou você aumenta o recuo das pessoas, pois quanto mais longe elas ficarem das antenas, mais protegidas estarão”.

    Mais uma vez, o que vale é a precaução. “É claro que a população não terá câncer apenas porque vive com uma antena ao lado. Existem outros fatores, mas esse é um co-fator”, alerta. E, por isso, deve ser levado em consideração.

    Questionamos as principais operadoras de telefonia móvel sobre sua prática na instalação de antenas de transmissão. A Claro informou que cumpre as normas estabelecidas pela Anatel, confeccionando laudos e realizando medições práticas de forma que garanta o cumprimento dos limites máximos de exposição eletromagnética.

    A Telemig, a TIM e a Amazônia Celular disseram que também cumprem a determinação da Anatel e elaboram um relatório de conformidade eletromagnética para cada antena instalada.

    A OI se limitou a dizer ao Idec que, por um procedimento padrão da assessoria de imprensa, não atende solicitações que não sejam feitas por grandes veículos de mídia. E a Vivo não retornou até o fechamento desta edição.

    Segundo a Anatel, em janeiro deste ano existiam 36.373 estações rádio-base instaladas no Brasil e, antes de qualquer antena ser implementada, as empresas são obrigadas a apresentar um projeto à agência mostrando que respeitam as regras para emissão de radiação eletromagnética.

    Infelizmente, por enquanto, o consumidor que desconfia de uma antena ilegal perto de sua residência ou de seu local de trabalho não tem muito o que fazer, além de entrar em contato com a Anatel ou a Abradecel e denunciar.

    Saiba mais:

  • Abradecel: www.abradecel.org.br
  • Anatel: www.anatel.gov.br